SEATTLE –A tecnologia é muitas vezes promovida exageradamente tanto como uma panaceia para os problemas do mundo ou como uma maldição inabalável que inflige perturbações e desvios nos mais vulneráveis. Mas historicamente, nenhuma dessas caracterizações é exata. Do motor a vapor ao computador pessoal, as invenções transformaram as sociedades de formas complexas. Em suma, contudo, a tecnologia sempre criou mais empregos e oportunidades económicas do que destruiu. Essa tendência, provavelmente, continuará.
Porque é que estou tão otimista? Porque para onde quer que eu olhe, os líderes estão a reposicionar as suas economias para garantirem que a mudança tecnológica e a automatização sejam ativas e não passivas. Tal como a Pathways for Prosperity Commission, localizada na Universidade de Oxford, recentemente observou, com “otimismo e ação coletiva”, as conhecidas tecnologias de ponta podem empoderar até os países mais pobres.
Durante grande parte da história moderna, a industrialização orientada para a exportação e a riqueza de recursos naturais foram vistas como os únicos mecanismos para o crescimento sustentado no mundo em desenvolvimento. Mas hoje, as novas tecnologias e a capacidade de combiná-las com inovações antigas deram às pessoas mais voz sobre as suas reservas económicas.
De forma semelhante, a Twiga Foods, no Quénia, está a utilizar a tecnologia para otimizar a sua cadeia de fornecimento, ao compatibilizar produtores rurais de frutas e vegetais com vendedores de pequena e média dimensão em Nairobi. A abordagem da Twiga ajudou os agricultores a terem acesso a mercados mais lucrativos, aumentou a escolha do consumidor e reduziu drasticamente as perdas e os desperdícios pós-colheita. A inclusão digital pode ser uma força poderosa, particularmente para as mulheres. A Go-Jek, um serviço de partilha de condução e entrega de comida, na Indonésia, aumentou o rendimento dos condutores numa média de 44% ao fazer a ponte entre muitos dos seus fornecedores, que geralmente são mulheres, e os serviços bancários pela primeira vez.
Não há dúvida de que capitalizar o potencial transformador da tecnologia exigirá investir mais dinheiro em pessoas, particularmente em mulheres e crianças. Tal como argumentámos este ano no Goalkeepers Report, da Fundação Gates, melhores serviços de saúde e educação –dois pilares do “índice de capital humano” do Banco Mundial –podem desbloquear a produtividade e a inovação, reduzir a pobreza e gerar prosperidade. Esses ganhos são essenciais para a capacidade de os países atingirem as metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
At a time of escalating global turmoil, there is an urgent need for incisive, informed analysis of the issues and questions driving the news – just what PS has always provided.
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O aproveitamento da tecnologia também exigirá reformas económicas sensatas, melhores infraestruturas, instituições mais capazes e estratégias para fornecer soluções digitais às populações marginalizadas. Alguns países já estão a tomar essas medidas. A Indonésia, por exemplo, lançou um programa ambicioso para ligar mais 100 milhões de pessoas à banda larga, um reconhecimento da importância que a conectividade desempenha na fomentação de oportunidades económicas.
E, no entanto, para a maior parte dos “bottom billion” (os mil milhões de pobres que se encontram na parte inferior da pirâmide)do mundo, os serviços básicos de telefone e Internet continuam proibitivamente caros. É por isso que os governos, os doadores e o setor privado têm de trabalhar juntos para criarem modelos de negócios e de preços que permitam a recuperação dos custos e, ao mesmo tempo, forneçam um nível adequado de serviços digitais aos consumidores mais pobres. Uma estratégia de redução da pobreza que vale a pena explorar é o acesso comunitário à tecnologia.
A acessibilidade não é o único fator que mantém a tecnologia fora do alcance dos pobres. O fosso digital reflete padrões mais amplos de discriminação social, especialmente para as mulheres. Onde quer que as mulheres vivam, têm cerca de 40% de menos probabilidade, do que os homens, de terem utilizado a Internet, o que sugere que as desigualdades sociais também estão a impulsionar disparidades no acesso digital. Fechar esse fosso é de vital importância. Quando as mulheres têm acesso a toda a gama de serviços digitais - do serviço bancário móvel à telemedicina - elas são geralmente mais ricas, mais saudáveis e mais instruídas.
À medida que os governantes dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento tomam decisões e fazem investimentos que moldarão o cenário no qual a mudança tecnológica se desenrola, é gratificante ver países envolvidos em diálogos significativos sobre os seus futuros digitais. Desde que os cidadãos que entendem de tecnologia e das suas ramificações sejam incluídos nessas conversações, é possível projetar soluções que atendam às necessidades de todos.
As tecnologias de ponta de hoje estão a evoluir a uma velocidade vertiginosa. Mas, com previsão e preparação, o mundo pode minimizar a perturbação que inevitavelmente causará, para garantir um crescimento duradouro e inclusivo. Se coordenarmos os nossos investimentos em pessoas com os nossos gastos na inovação, a nova “era digital” não deixará ninguém para trás.
Unlike during his first term, US President Donald Trump no longer seems to care if his policies wreak havoc in financial markets. This time around, Trump seems to be obsessed with his radical approach to institutional deconstruction, which includes targeting the Federal Reserve, the International Monetary Fund, and the World Bank.
explains why the US president’s second administration, unlike his first, is targeting all three.
By launching new trade wars and ordering the creation of a Bitcoin reserve, Donald Trump is assuming that US trade partners will pay any price to maintain access to the American market. But if he is wrong about that, the dominance of the US dollar, and all the advantages it confers, could be lost indefinitely.
doubts the US administration can preserve the greenback’s status while pursuing its trade and crypto policies.
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SEATTLE –A tecnologia é muitas vezes promovida exageradamente tanto como uma panaceia para os problemas do mundo ou como uma maldição inabalável que inflige perturbações e desvios nos mais vulneráveis. Mas historicamente, nenhuma dessas caracterizações é exata. Do motor a vapor ao computador pessoal, as invenções transformaram as sociedades de formas complexas. Em suma, contudo, a tecnologia sempre criou mais empregos e oportunidades económicas do que destruiu. Essa tendência, provavelmente, continuará.
Porque é que estou tão otimista? Porque para onde quer que eu olhe, os líderes estão a reposicionar as suas economias para garantirem que a mudança tecnológica e a automatização sejam ativas e não passivas. Tal como a Pathways for Prosperity Commission, localizada na Universidade de Oxford, recentemente observou, com “otimismo e ação coletiva”, as conhecidas tecnologias de ponta podem empoderar até os países mais pobres.
Durante grande parte da história moderna, a industrialização orientada para a exportação e a riqueza de recursos naturais foram vistas como os únicos mecanismos para o crescimento sustentado no mundo em desenvolvimento. Mas hoje, as novas tecnologias e a capacidade de combiná-las com inovações antigas deram às pessoas mais voz sobre as suas reservas económicas.
Por exemplo, a plataforma Africa Soil Information Service, que é financiada pela Fundação Bill & Melinda Gates, combinou software de deteção remota e dados de código aberto para reduzir o custo do mapeamento do solo em 97%. Isso deu aos pequenos agricultores de África novas ferramentas para tomarem decisões baseadas em evidências sobre as suas operações, aumentando assim o rendimento das colheitas e reduzindo as despesas operacionais.
De forma semelhante, a Twiga Foods, no Quénia, está a utilizar a tecnologia para otimizar a sua cadeia de fornecimento, ao compatibilizar produtores rurais de frutas e vegetais com vendedores de pequena e média dimensão em Nairobi. A abordagem da Twiga ajudou os agricultores a terem acesso a mercados mais lucrativos, aumentou a escolha do consumidor e reduziu drasticamente as perdas e os desperdícios pós-colheita. A inclusão digital pode ser uma força poderosa, particularmente para as mulheres. A Go-Jek, um serviço de partilha de condução e entrega de comida, na Indonésia, aumentou o rendimento dos condutores numa média de 44% ao fazer a ponte entre muitos dos seus fornecedores, que geralmente são mulheres, e os serviços bancários pela primeira vez.
Não há dúvida de que capitalizar o potencial transformador da tecnologia exigirá investir mais dinheiro em pessoas, particularmente em mulheres e crianças. Tal como argumentámos este ano no Goalkeepers Report, da Fundação Gates, melhores serviços de saúde e educação –dois pilares do “índice de capital humano” do Banco Mundial –podem desbloquear a produtividade e a inovação, reduzir a pobreza e gerar prosperidade. Esses ganhos são essenciais para a capacidade de os países atingirem as metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
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E, no entanto, para a maior parte dos “bottom billion” (os mil milhões de pobres que se encontram na parte inferior da pirâmide)do mundo, os serviços básicos de telefone e Internet continuam proibitivamente caros. É por isso que os governos, os doadores e o setor privado têm de trabalhar juntos para criarem modelos de negócios e de preços que permitam a recuperação dos custos e, ao mesmo tempo, forneçam um nível adequado de serviços digitais aos consumidores mais pobres. Uma estratégia de redução da pobreza que vale a pena explorar é o acesso comunitário à tecnologia.
A acessibilidade não é o único fator que mantém a tecnologia fora do alcance dos pobres. O fosso digital reflete padrões mais amplos de discriminação social, especialmente para as mulheres. Onde quer que as mulheres vivam, têm cerca de 40% de menos probabilidade, do que os homens, de terem utilizado a Internet, o que sugere que as desigualdades sociais também estão a impulsionar disparidades no acesso digital. Fechar esse fosso é de vital importância. Quando as mulheres têm acesso a toda a gama de serviços digitais - do serviço bancário móvel à telemedicina - elas são geralmente mais ricas, mais saudáveis e mais instruídas.
À medida que os governantes dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento tomam decisões e fazem investimentos que moldarão o cenário no qual a mudança tecnológica se desenrola, é gratificante ver países envolvidos em diálogos significativos sobre os seus futuros digitais. Desde que os cidadãos que entendem de tecnologia e das suas ramificações sejam incluídos nessas conversações, é possível projetar soluções que atendam às necessidades de todos.
As tecnologias de ponta de hoje estão a evoluir a uma velocidade vertiginosa. Mas, com previsão e preparação, o mundo pode minimizar a perturbação que inevitavelmente causará, para garantir um crescimento duradouro e inclusivo. Se coordenarmos os nossos investimentos em pessoas com os nossos gastos na inovação, a nova “era digital” não deixará ninguém para trás.