OSLO –Os oceanos da Terra enfrentam muitas ameaças e nenhuma delas tem soluções rápidas. Ainda assim, as soluções são conhecidas e, com uma coligação suficientemente ampla de parceiros, podemos dar o pontapé de saída em várias vertentes.
Uma vasta gama de atividades humanas –da queima de combustíveis fósseis à pesca excessiva –tem degradado os oceanos desde há muitos anos. Ao aumentar a absorção de dióxido de carbono, o aquecimento global acidifica os oceanos e reduz os níveis de oxigénio, prejudicando ou matando plantas marinhas, animais e outros organismos. E à medida que as calotas de gelo derretem, o aumento do nível do mar coloca cada vez mais centenas de milhões de pessoas nas áreas costeiras em risco.
Além disso, devido à falta de modernas estações de tratamento em muitas cidades, principalmente em África e na Ásia, os resíduos estão a ser despejados nos rios e canais, onde eventualmente escoam para os oceanos, introduzindo grandes quantidades de partículas plásticas e toxinas. As toneladas de lixo atiradas diariamente para as ruas, quintais, rios, praias e áreas costeiras também acabam por ir parar aos oceanos. Muitos desses produtos, como sacos de compras e recipientes de água engarrafada, contêm produtos químicos perigosos que são consumidos por peixes e depois consumidos por pessoas, levando a uma grande variedade de problemas de saúde.
Solucionar estes problemas exigirá cooperação a todos os níveis. Também exigirá novos recursos, e não apenas para reparar as zonas costeiras desgastadas e preparar para a subida do nível do mar e para as condições meteorológicas extremas. Temos de reprimir a pesca ilegal, financiar a investigação e desenvolver transportes marítimos de baixo carbono e uma produção sustentável de peixe. Além disso, precisamos urgentemente em primeiro lugar de criar melhores métodos de recolha de plástico e formas de embalagens reutilizáveis, ao mesmo tempo que se melhora o tratamento de águas residuais e a gestão de águas pluviais para manter os plásticos e outros resíduos fora dos cursos de água.
Salvar os oceanos não deveria ser uma consideração a posteriori. Mais de três mil milhões de pessoas dependem dos oceanos para a sua subsistência. Os recursos e setores oceânicos e costeiros contribuem com cerca de 3 biliões de dólares por ano (5% do PIB mundial) para a economia mundial e oferecem um enorme potencial para mais crescimento, criação de empregos e inovação. Os oceanos também são uma importante fonte de energias renováveis e recursos naturais. O seu valor ambiental é enorme. Os oceanos absorveram entre 20 a 30% das emissões de dióxido de carbono geradas pelo homem desde a década de 1980. Eles produzem mais de metade do oxigénio do mundo e transportam calor do equador para os pólos, regulando assim o nosso clima.
Da nossa parte, promover uma economia “azul” sustentável tem sido uma das prioridades do Banco Europeu de Investimento (BEI). Lançámos várias iniciativas para facilitar a cooperação na limpeza dos oceanos e na salvaguarda da atividade económica baseada no setor marítimo. Através da nossa estratégia Blue Sustainable Ocean, Blue SOS, investiremos até 2,5 mil milhões de euros (cerca de 2,8 mil milhões de dólares) durante cinco anos, ao mesmo tempo que mobilizaremos pelo menos outros 5 mil milhões de euros para investimentos em projetos para proteger a economia oceânica. Entre outras coisas, esses investimentos farão face à erosão costeira, ajudarão a pesca a processar e a preservar alimentos, a tornar o transporte marítimo mais ecológico e a melhorar a investigação de produtos biotecnológicos.
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Além disso, em parceria com os bancos de desenvolvimento alemães e franceses, criámos a iniciativa Clean Oceans, que recentemente acolheu o banco de desenvolvimento de Espanha como novo parceiro. Esta iniciativa conjunta está a fornecer até 2 mil milhões em financiamento durante cinco anos para projetos que recolham plásticos e outros resíduos antes de chegarem aos oceanos. A maior parte do plástico que acaba nos oceanos vem do lixo que é deitado fora nas áreas costeiras ou perto de rios pelos dois mil milhões de pessoas que não têm serviços de recolha de lixo. De facto, cerca de 90% de todo o plástico que chega aos oceanos, através dos rios, provém apenas de dez países, principalmente de África e da Ásia.
Por fim, o BEI é um dos principais financiadores do Fundo Oceano Sustentável, que está a angariar 100 milhões de dólares para investir em até 20 projetos oceânicos nos mercados emergentes, para melhorar toda a cadeia de fornecimento de peixe.
Alguns podem questionar o porquê de o BEI estar a realizar trabalhos de desenvolvimento fora da Europa ou a defender os oceanos do mundo. A razão é que vemos os desafios da sustentabilidade não apenas como ecológicos, mas também como económicos. Quando uma grande instituição como o BEI se envolve numa questão, pode atrair capital privado que não apareceria de outra forma. Incentivar projetos inovadores na economia “azul” não é tanto uma questão de mais dinheiro. Trata-se também de eliminar barreiras para novos projetos e reduzir o risco de investimento. Quando os nossos peritos em clima dão o seu selo de aprovação a um projeto, isso catalisa mais financiamento de investidores privados, fundos de pensão, fundos soberanos e companhias de seguros. E quando esses investidores constatam que podem lucrar com projetos ecológicos, os resultados beneficiam não apenas os oceanos, mas também os trabalhadores e os consumidores.
Precisamos de mostrar que os investimentos climáticos não precisam de ser muito arriscados e precisamos de promover mais parcerias público-privadas. É por isso que o BEI está a aumentar a sua assistência técnica e serviços de consultoria para tornar os projetos oceânicos limpos e sustentáveis mais apelativos para outros investidores.
Agora, estamos à procura de mais parceiros. Precisamos de líderes, governos, empresas e outras instituições para tomar as medidas ousadas necessárias para proteger os nossos oceanos, limpar os nossos rios e acabar com a poluição destes ecossistemas vulneráveis. A urgência do desafio não pode ser excessiva. Devemos proteger os oceanos como se o nosso futuro dependesse dele, porque depende.
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The Norwegian finance ministry recently revealed just how much the country has benefited from Russia's invasion of Ukraine, estimating its windfall natural-gas revenues for 2022-23 to be around $111 billion. Yet rather than transferring these gains to those on the front line, the government is hoarding them.
argue that the country should give its windfall gains from gas exports to those on the front lines.
At the end of a year of domestic and international upheaval, Project Syndicate commentators share their favorite books from the past 12 months. Covering a wide array of genres and disciplines, this year’s picks provide fresh perspectives on the defining challenges of our time and how to confront them.
ask Project Syndicate contributors to select the books that resonated with them the most over the past year.
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OSLO –Os oceanos da Terra enfrentam muitas ameaças e nenhuma delas tem soluções rápidas. Ainda assim, as soluções são conhecidas e, com uma coligação suficientemente ampla de parceiros, podemos dar o pontapé de saída em várias vertentes.
Uma vasta gama de atividades humanas –da queima de combustíveis fósseis à pesca excessiva –tem degradado os oceanos desde há muitos anos. Ao aumentar a absorção de dióxido de carbono, o aquecimento global acidifica os oceanos e reduz os níveis de oxigénio, prejudicando ou matando plantas marinhas, animais e outros organismos. E à medida que as calotas de gelo derretem, o aumento do nível do mar coloca cada vez mais centenas de milhões de pessoas nas áreas costeiras em risco.
Além disso, devido à falta de modernas estações de tratamento em muitas cidades, principalmente em África e na Ásia, os resíduos estão a ser despejados nos rios e canais, onde eventualmente escoam para os oceanos, introduzindo grandes quantidades de partículas plásticas e toxinas. As toneladas de lixo atiradas diariamente para as ruas, quintais, rios, praias e áreas costeiras também acabam por ir parar aos oceanos. Muitos desses produtos, como sacos de compras e recipientes de água engarrafada, contêm produtos químicos perigosos que são consumidos por peixes e depois consumidos por pessoas, levando a uma grande variedade de problemas de saúde.
Solucionar estes problemas exigirá cooperação a todos os níveis. Também exigirá novos recursos, e não apenas para reparar as zonas costeiras desgastadas e preparar para a subida do nível do mar e para as condições meteorológicas extremas. Temos de reprimir a pesca ilegal, financiar a investigação e desenvolver transportes marítimos de baixo carbono e uma produção sustentável de peixe. Além disso, precisamos urgentemente em primeiro lugar de criar melhores métodos de recolha de plástico e formas de embalagens reutilizáveis, ao mesmo tempo que se melhora o tratamento de águas residuais e a gestão de águas pluviais para manter os plásticos e outros resíduos fora dos cursos de água.
Salvar os oceanos não deveria ser uma consideração a posteriori. Mais de três mil milhões de pessoas dependem dos oceanos para a sua subsistência. Os recursos e setores oceânicos e costeiros contribuem com cerca de 3 biliões de dólares por ano (5% do PIB mundial) para a economia mundial e oferecem um enorme potencial para mais crescimento, criação de empregos e inovação. Os oceanos também são uma importante fonte de energias renováveis e recursos naturais. O seu valor ambiental é enorme. Os oceanos absorveram entre 20 a 30% das emissões de dióxido de carbono geradas pelo homem desde a década de 1980. Eles produzem mais de metade do oxigénio do mundo e transportam calor do equador para os pólos, regulando assim o nosso clima.
Da nossa parte, promover uma economia “azul” sustentável tem sido uma das prioridades do Banco Europeu de Investimento (BEI). Lançámos várias iniciativas para facilitar a cooperação na limpeza dos oceanos e na salvaguarda da atividade económica baseada no setor marítimo. Através da nossa estratégia Blue Sustainable Ocean, Blue SOS, investiremos até 2,5 mil milhões de euros (cerca de 2,8 mil milhões de dólares) durante cinco anos, ao mesmo tempo que mobilizaremos pelo menos outros 5 mil milhões de euros para investimentos em projetos para proteger a economia oceânica. Entre outras coisas, esses investimentos farão face à erosão costeira, ajudarão a pesca a processar e a preservar alimentos, a tornar o transporte marítimo mais ecológico e a melhorar a investigação de produtos biotecnológicos.
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Além disso, em parceria com os bancos de desenvolvimento alemães e franceses, criámos a iniciativa Clean Oceans, que recentemente acolheu o banco de desenvolvimento de Espanha como novo parceiro. Esta iniciativa conjunta está a fornecer até 2 mil milhões em financiamento durante cinco anos para projetos que recolham plásticos e outros resíduos antes de chegarem aos oceanos. A maior parte do plástico que acaba nos oceanos vem do lixo que é deitado fora nas áreas costeiras ou perto de rios pelos dois mil milhões de pessoas que não têm serviços de recolha de lixo. De facto, cerca de 90% de todo o plástico que chega aos oceanos, através dos rios, provém apenas de dez países, principalmente de África e da Ásia.
Por fim, o BEI é um dos principais financiadores do Fundo Oceano Sustentável, que está a angariar 100 milhões de dólares para investir em até 20 projetos oceânicos nos mercados emergentes, para melhorar toda a cadeia de fornecimento de peixe.
Alguns podem questionar o porquê de o BEI estar a realizar trabalhos de desenvolvimento fora da Europa ou a defender os oceanos do mundo. A razão é que vemos os desafios da sustentabilidade não apenas como ecológicos, mas também como económicos. Quando uma grande instituição como o BEI se envolve numa questão, pode atrair capital privado que não apareceria de outra forma. Incentivar projetos inovadores na economia “azul” não é tanto uma questão de mais dinheiro. Trata-se também de eliminar barreiras para novos projetos e reduzir o risco de investimento. Quando os nossos peritos em clima dão o seu selo de aprovação a um projeto, isso catalisa mais financiamento de investidores privados, fundos de pensão, fundos soberanos e companhias de seguros. E quando esses investidores constatam que podem lucrar com projetos ecológicos, os resultados beneficiam não apenas os oceanos, mas também os trabalhadores e os consumidores.
Precisamos de mostrar que os investimentos climáticos não precisam de ser muito arriscados e precisamos de promover mais parcerias público-privadas. É por isso que o BEI está a aumentar a sua assistência técnica e serviços de consultoria para tornar os projetos oceânicos limpos e sustentáveis mais apelativos para outros investidores.
Agora, estamos à procura de mais parceiros. Precisamos de líderes, governos, empresas e outras instituições para tomar as medidas ousadas necessárias para proteger os nossos oceanos, limpar os nossos rios e acabar com a poluição destes ecossistemas vulneráveis. A urgência do desafio não pode ser excessiva. Devemos proteger os oceanos como se o nosso futuro dependesse dele, porque depende.