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Por John B. Taylor

A cada rodada da legislação, um “pagamento de impacto econômico” (PIE, no original em inglês) foi pago à população por meio de depósitos diretos, cheques ou um cartão de débito pré-pago especial e, em cada caso, a ideia era que os recursos fossem gastos com consumo, para auxiliar a demanda agregada e, assim, estimular a economia de modo geral. Os PIEs foram liberados em valores específicos de dólares, que variavam de US$ 600 a US$ 1,4 mil para um indivíduo, e de US$ 1,2 mil a US$ 2,8 mil para contribuintes casados até um certo teto de renda.

A lógica desses pagamentos temporários se baseou na função de consumo de Keynes, segundo a qual um aumento na renda eleva os gastos, impulsionando assim a economia. Porém, pontos de vista alternativos, como a hipótese de renda permanente que MiltonFriedman elaborou pela primeira vez na década de 1950, argumentam que tais aumentos na renda levam apenas a pequenas altas no consumo – se chegar a tanto – justamente porque são aumentos temporários.

O gráfico abaixo mostra os efeitos reais dos PIEs sobre a renda pessoal descartável e as despesas de consumo pessoal (DPI e PCE, nas siglas originais em inglês) de janeiro de 2019 a abril deste ano, segundo os dados mais recentes da Agência de Análise Econômica dos EUA. Os três picos de DPI se devem – e coincidem com – com os três PIEs, indicando que a DPI subiu de modo acentuado quando um PIE foi feito, e logo depois caiu de volta a seu nível original quando os pagamentos terminaram. Estes foram claramente aumentos temporários na renda, e foram anunciados como tal.

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