BERKELEY – O presidente dos EUA, Joe Biden, recusou a nomeação presidencial do Partido Democrata. Ele fez isso apesar de ser “o melhor presidente da minha vida”, como disse o economista Noah Smith, e porque concluiu que sua vice-presidente, Kamala Harris, também seria uma boa presidente.
Concordo com Smith e espero um dia escrever um comentário sobre quão grande foi a presidência de Biden. Por enquanto, no entanto, vou me concentrar em outra pessoa que é velha e visivelmente decadente, e cujo companheiro de chapa vice-presidencial teria uma chance muito melhor de governar de forma eficaz. Claro que me refiro a Donald Trump, que deveria seguir o exemplo de Biden recusando a nomeação do Partido Republicano e endossando seu companheiro de chapa, J.D. Vance.
Nesse contexto, a imprensa americana agora enfrenta um teste próprio. Ela martelará de modo incansável a pergunta “ele é competente?”, como fez com Biden? Ou continuará seu procedimento operacional padrão de entrevistar pessoas mal informadas e facilmente enganadas em lanchonetes, cobrindo intrigas judiciais em Mar-a-Lago e dizendo o mínimo possível sobre os danos que outra presidência de Trump causaria aos Estados Unidos e ao mundo? Veremos.
Obviamente, Trump nunca cogitaria passar o bastão, porque isso significaria que ele se importa minimamente com as políticas que pretende defender e o partido que pretende representar. Ninguém acredita nisso, nem ninguém pensa que os republicanos profissionais se envolveriam no tipo de conversa interna que os democratas profissionais tiveram antes de 21 de julho.
Esses debates foram difíceis porque os apoiadores de Biden tinham um ponto: se ele conseguisse passar a eleição, ainda seria um bom presidente pelos próximos dois anos. Como o mesmo não pode ser dito de Trump, o debate interno dos republicanos seria muito mais fácil.
Isso não acontecerá, porém, porque o Partido Republicano agora é um culto. Os republicanos profissionais teriam que exibir um mínimo do que o grande historiador árabe do século XIV Ibn Khaldun chamou de virtude de asabiyya: uma disposição para deixar suas costas expostas para proteger as costas de seus camaradas, sabendo que eles terão suas costas em troca.
Project Syndicate is returning to Climate Week NYC with an even more expansive program. Join us live on September 22 as we welcome speakers from around the world at our studio in Manhattan to address critical dimensions of the climate debate.
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Os democratas profissionais têm asabiyya, assim como os republicanos, como Liz Cheney, que foram expulsos. Os republicanos profissionais que permanecem no redil são, por definição, vigaristas que estão nessa por si mesmos. Considere a ex-governadora da Carolina do Sul e embaixadora dos EUA na ONU Nikki Haley, que costumavadizercoisasna linhade:
“O primeiro partido a aposentar seu candidato de 80 anos será o que vencerá esta eleição.”
“Você tem um Donald Trump descontrolado, e ele está mais descontrolado do que nunca. E por que estamos nos contentando com isso quando o país está em desordem e o mundo em chamas?”
“Eu sei que o povo americano não vai votar num criminoso condenado.”
“[Trump] tornou tudo caótico. Ele tornou tudo autocentrado. Ele fez as pessoas se odiarem e se julgarem. Ele deixou claro que um presidente deve ter clareza moral e saber a diferença entre o certo e o errado, e ele é simplesmente tóxico.”
“Não sinto necessidade de beijar o anel. Não tenho medo de retaliação de Trump. Não estou buscando nada dele. Meu futuro político pessoal não me preocupa. Ouço o que a classe política diz. Mas ouço o povo americano também.”
“Estamos falando do cargo mais exigente da história humana. Não se dá isso a alguém que está em risco de demência.”
Ela não dirá nada disso novamente. E Vance também jamaisrepetirá qualquer uma dessas declarações anteriores sobre Trump:
“Meu Deus, que idiota.”
“Eu oscilava entre pensar que Trump é um canalha cínico como Nixon, que não seria tão ruim (e poderia até ser útil) ou que ele é o Hitler da América.”
“Não acho que (Trump) se importe de fato com as pessoas. Acho que ele só reconhece que havia um buraco na conversa e que esse buraco é que pessoas dessas regiões do país se sentem ignoradas.”
“Trump faz as pessoas com quem eu me importo terem medo. Imigrantes, muçulmanos, etc. Por causa disso, acho-o repreensível. Deus quer melhor de nós.”
Mas de que adianta um homem ou mulher ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Pior ainda, perdê-la por Trump.
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The International Monetary Fund’s surcharge policy has led to an unseemly state of affairs: countries in financial distress have become the largest source of net revenue to the Fund in recent years. These surcharges must be eliminated or, at the very least, adjusted to reduce the excessive burden on highly indebted countries.
decry the counterproductive practice of imposing additional fees on countries in debt distress.
When it comes to alleviating the severe demographic crisis that China faces, prohibiting international adoptions of Chinese children amounts to a mere drop in the bucket. Still, the government's decision to do so is significant, as it reflects a long-overdue recognition that people should not be viewed as a burden.
welcomes the government's apparent recognition that a severe demographic crisis looms.
With less than two months to go until the US presidential election, the candidates’ opposing worldviews, objectives, and priorities – and their implications for international relations, the economy, and democracy – have come into sharper focus. While it is impossible to know exactly what a leader will do once in office, the contours of both a Donald Trump and a Kamala Harris presidency are remarkably well defined.
BERKELEY – O presidente dos EUA, Joe Biden, recusou a nomeação presidencial do Partido Democrata. Ele fez isso apesar de ser “o melhor presidente da minha vida”, como disse o economista Noah Smith, e porque concluiu que sua vice-presidente, Kamala Harris, também seria uma boa presidente.
Concordo com Smith e espero um dia escrever um comentário sobre quão grande foi a presidência de Biden. Por enquanto, no entanto, vou me concentrar em outra pessoa que é velha e visivelmente decadente, e cujo companheiro de chapa vice-presidencial teria uma chance muito melhor de governar de forma eficaz. Claro que me refiro a Donald Trump, que deveria seguir o exemplo de Biden recusando a nomeação do Partido Republicano e endossando seu companheiro de chapa, J.D. Vance.
Nesse contexto, a imprensa americana agora enfrenta um teste próprio. Ela martelará de modo incansável a pergunta “ele é competente?”, como fez com Biden? Ou continuará seu procedimento operacional padrão de entrevistar pessoas mal informadas e facilmente enganadas em lanchonetes, cobrindo intrigas judiciais em Mar-a-Lago e dizendo o mínimo possível sobre os danos que outra presidência de Trump causaria aos Estados Unidos e ao mundo? Veremos.
Obviamente, Trump nunca cogitaria passar o bastão, porque isso significaria que ele se importa minimamente com as políticas que pretende defender e o partido que pretende representar. Ninguém acredita nisso, nem ninguém pensa que os republicanos profissionais se envolveriam no tipo de conversa interna que os democratas profissionais tiveram antes de 21 de julho.
Esses debates foram difíceis porque os apoiadores de Biden tinham um ponto: se ele conseguisse passar a eleição, ainda seria um bom presidente pelos próximos dois anos. Como o mesmo não pode ser dito de Trump, o debate interno dos republicanos seria muito mais fácil.
Isso não acontecerá, porém, porque o Partido Republicano agora é um culto. Os republicanos profissionais teriam que exibir um mínimo do que o grande historiador árabe do século XIV Ibn Khaldun chamou de virtude de asabiyya: uma disposição para deixar suas costas expostas para proteger as costas de seus camaradas, sabendo que eles terão suas costas em troca.
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“O primeiro partido a aposentar seu candidato de 80 anos será o que vencerá esta eleição.”
“Você tem um Donald Trump descontrolado, e ele está mais descontrolado do que nunca. E por que estamos nos contentando com isso quando o país está em desordem e o mundo em chamas?”
“Eu sei que o povo americano não vai votar num criminoso condenado.”
“[Trump] tornou tudo caótico. Ele tornou tudo autocentrado. Ele fez as pessoas se odiarem e se julgarem. Ele deixou claro que um presidente deve ter clareza moral e saber a diferença entre o certo e o errado, e ele é simplesmente tóxico.”
“Não sinto necessidade de beijar o anel. Não tenho medo de retaliação de Trump. Não estou buscando nada dele. Meu futuro político pessoal não me preocupa. Ouço o que a classe política diz. Mas ouço o povo americano também.”
“Estamos falando do cargo mais exigente da história humana. Não se dá isso a alguém que está em risco de demência.”
Ela não dirá nada disso novamente. E Vance também jamaisrepetirá qualquer uma dessas declarações anteriores sobre Trump:
“Meu Deus, que idiota.”
“Eu oscilava entre pensar que Trump é um canalha cínico como Nixon, que não seria tão ruim (e poderia até ser útil) ou que ele é o Hitler da América.”
“Não acho que (Trump) se importe de fato com as pessoas. Acho que ele só reconhece que havia um buraco na conversa e que esse buraco é que pessoas dessas regiões do país se sentem ignoradas.”
“Trump faz as pessoas com quem eu me importo terem medo. Imigrantes, muçulmanos, etc. Por causa disso, acho-o repreensível. Deus quer melhor de nós.”
Mas de que adianta um homem ou mulher ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Pior ainda, perdê-la por Trump.
Tradução por Fabrício Calado Moreira