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O presidente mais consequente de África?

WASHINGTON, DC – Pouco depois de tomar posse, no dia 29 de maio, o presidente da Nigéria, Bola Tinubu, surpreendeu muitos observadores ao implementar uma série de reformas ousadas. Além de suprimir os dispendiosos subsídios para os combustíveis e vários impostos, ele suspendeu o governador do banco central do país, o que levou à imediata eliminação das restrições comerciais que sustentavam o valor do naira. E para cair nas graças da enorme população jovem da Nigéria, Tinubu lançou os empréstimos sem juros para ajudar os estudantes a financiarem os respetivos cursos superiores.

Mas, embora estas reformas rápidas sinalizem a adesão de Tinubu à ortodoxia económica e possam restaurar a confiança dos nigerianos, dos investidores internacionais e dos mercados financeiros a curto prazo, por si só não afetarão uma mudança duradoura.

A economia da Nigéria – a maior de África – atravessa um momento difícil e a sua transformação não será fácil. A inflação atingiu, recentemente, o nível mais elevado dos últimos 18 anos e os grandes défices orçamentais estão a aumentar os níveis de endividamento já elevados. A economia foi duramente atingida pelas consequências da guerra na Ucrânia, em parte porque a Nigéria depende da importação de alimentos, mas também porque o país – apesar de ser o maior produtor de petróleo de África – é incapaz de refinar o crude e, por isso, importa petróleo. A má gestão, os problemas de segurança e o investimento não suficiente em infraestruturas entravaram a indústria petrolífera, que gera cerca de 80% das receitas do Estado, ao passo que políticas oficiais inconsistentes têm impedido o setor agrícola, que emprega cerca de um terço dos nigerianos, de atingir todo o seu potencial.

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