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A crise de liquidez dos países em desenvolvimento ainda não terminou

PARIS/BASEL – Pela primeira vez em dois anos, alguns países de baixo rendimento e de rendimento médio-baixo (PBMR) podem aceder ao mercado obrigacionista. Mas muitos outros continuam a ter uma necessidade premente de liquidez e enfrentam taxas de juro elevadas. No meio desta crise atual, a proposta do Finance for Development Lab de uma “ponte de liquidez” que permita às economias em desenvolvimento prolongar a maturidade das suas dívidas por 5-10 anos e atribuir recursos para a mitigação e adaptação às alterações climáticas continua a ser tão necessária como sempre.

A boa notícia é que os rácios da dívida externa dos países de baixo e médio rendimento permanecem relativamente modestos, em torno de metade do nível antes da iniciativa de redução da dívida dos Países Pobres Altamente Endividados. Em 2023, apenas um país, a Etiópia, entrou em incumprimento de uma dívida de mil milhões de dólares em euro-obrigações.

A má notícia é que as pressões de liquidez sobre os países de baixo e médio rendimento continuaram a aumentar. Após 2010, um aumento dos empréstimos a médio prazo permitiu aos países em desenvolvimento financiar projetos de infraestruturas cruciais. Normalmente, esses empréstimos seriam renovados, mas isso tornou-se impossível quando as principais economias iniciaram um aperto quantitativo, causando um aumento acentuado das taxas de juro e saídas líquidas de capital. A crise de liquidez foi agravada por uma série de choques exógenos: a redução dos fluxos provenientes da China, os efeitos persistentes da pandemia de COVID-19 e o aumento dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares.

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