ADIS ABEBA – Com a transição global para tecnologias mais limpas em curso, África dispõe dos recursos naturais para se adiantar na corrida. O continente é um importante produtor das matérias-primas que alimentarão a revolução verde – incluindo, por exemplo, 70% do cobalto mundial, que é essencial para as baterias dos veículos eléctricos. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, África também dispõe das maiores reservas minerais ainda por explorar. Se forem aproveitados de forma sustentável e estratégica, estes recursos podem promover a industrialização verde e ampliar a electrificação, construindo ao mesmo tempo um futuro melhor para todos os africanos.
Actualmente, os países africanos estão principalmente envolvidos na exploração e extracção de minerais, e os poucos países com instalações de processamento produzem frequentemente produtos de baixo valor. Entretanto, os países exteriores a África debatem-se para desenvolver as suas próprias estratégias para minerais críticos. Num esforço para garantirem os recursos necessários ao crescimento económico sustentável e à defesa nacional, estão a visar as reservas de terras raras do continente.
Para assegurar que os países africanos garantem os maiores proveitos das indústrias extractivas e que os interesses estratégicos do continente não são preteridos, a União Africana criou o Centro Africano para o Desenvolvimento de Minerais (CADM). Além de garantir que a corrida global aos denominados minérios “críticos” se traduz num futuro próspero, a limitação dos danos ambientais está no topo da sua agenda, especialmente porque quase um quarto do PIB de África depende da natureza. O facto de o continente ser ameaçado pelas alterações climáticas também não ajuda.
Na esteira da Cimeira Africana sobre o Clima, que sublinhou a importância dos minerais verdes, os estados-membros da UA têm de ratificar os estatutos do CADM. Eventuais atrasos poderão acarretar grandes custos à gestão da riqueza mineral do continente.
A subsequente Estratégia Africana para os Minerais Verdes (EAMV) do CADM poderá guiar os países africanos quanto à forma como consideram explorar as suas matérias-primas – críticas para a transição energética – de uma forma estratégica e sustentável. No contexto africano, os minerais “verdes” são os usados na cadeia de aprovisionamento da indústria mineira, segundo os dois critérios principais da EAMV. Desenvolvida sobre quatro pilares – promoção do desenvolvimento mineral, investimento em capital humano e capacidade tecnológica, criação de cadeias de valor e promoção da protecção dos recursos – a EAMV proporciona um modelo para apoiar a indústria verde e implementar uma presença mais preponderante nas cadeias de aprovisionamento das tecnologias limpas.
É encorajador que indústrias verdes nascentes – nomeadamente, unidades industriais para montagem de veículos eléctricos – comecem a brotar em vários países africanos. Isto demostra que as capacidades técnicas e industriais do continente podem ser ampliadas com políticas de fomento, programas de desenvolvimento de competências, desenvolvimento de infra-estruturas e um clima favorável ao investimento. Os benefícios do desenvolvimento da indústria local e de transferir a produção para componentes de valor acrescentado são inúmeros: criação de empregos, reforço das capacidades tecnológicas e uma diminuição da dependência de importações que, no seu conjunto, fortalecem a soberania económica de África.
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O primeiro objectivo da EAMV consiste em acelerar a produção local dos suprimentos necessários à extracção e processamento dos minerais verdes estratégicos. O investimento em capacidades locais criará uma economia mais inclusiva: com a prosperidade das indústrias nacionais, as comunidades beneficiariam directamente com as oportunidades de emprego e o desenvolvimento de competências, que por sua vez contribuem para a prosperidade partilhada.
O objectivo seguinte será a construção de mais unidades de processamento no continente, que permitiria aos países africanos capturarem uma maior quota da cadeia de valor, diversificarem as suas economias e reduzirem a sua dependência das exportações de matérias-primas. Sem esta transição para uma produção com maior valor acrescentado, o continente debater-se-á para alcançar a resiliência económica num mercado global em permanente mutação.
Por último, a EAMV pretende expandir a competência técnica de África e aumentar os recursos para investigação, desenvolvimento e inovação. Este resultado fomentaria o crescimento de tecnologias verdes de última geração e posicionaria África como um centro para o progresso científico, atraindo talentos e investimentos de todo o mundo.
Evidentemente, a consecução destes objectivos requer uma abordagem coordenada, nomeadamente a definição de tarifas externas comuns sobre os suprimentos para a actividade extractiva, os minerais processados e os produtos manufacturados. Isto facilitaria o comércio e a colaboração entre países africanos, ao mesmo tempo que incentivaria práticas responsáveis do ponto de vista ambiental.
A procura global por baterias, veículos eléctricos e equipamentos para energias renováveis está em ascensão, e África pode reivindicar uma fatia maior dos lucros das tecnologias limpas. A contribuição para estas cadeias de valor também deverá melhorar o acesso dos países africanos a energia acessível e fiável e melhorar as opções de mobilidade no continente. Consequentemente, o modelo da EAMV poderá endereçar problemas que são exclusivos de África, como o seu défice energético e os seus desafios ao nível dos transportes, promovendo simultaneamente esforços globais mais amplos para combater as alterações climáticas.
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No country wants external developments to drive up its borrowing costs and weaken its currency, which is what the UK is facing today, together with serious cyclical and structural challenges. But if the British government responds appropriately, recent market volatility might turn out to have a silver lining.
urges the government to communicate better what it is doing to boost resilient growth – and to do more.
Ricardo Hausmann
urges the US to issue more H1-B visas, argues that Europe must become a military superpower in its own right, applies the “growth diagnostics” framework to Venezuela, and more.
Now that Donald Trump is returning to the White House, he believes that it is an “absolute necessity” for the United States to have “ownership and control” of Greenland. But as an autonomous Danish territory where the US military already operates, Greenland has no reason to abandon its current political arrangement.
explains why the US president-elect's threats to seize the Danish territory are so dangerous.
ADIS ABEBA – Com a transição global para tecnologias mais limpas em curso, África dispõe dos recursos naturais para se adiantar na corrida. O continente é um importante produtor das matérias-primas que alimentarão a revolução verde – incluindo, por exemplo, 70% do cobalto mundial, que é essencial para as baterias dos veículos eléctricos. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, África também dispõe das maiores reservas minerais ainda por explorar. Se forem aproveitados de forma sustentável e estratégica, estes recursos podem promover a industrialização verde e ampliar a electrificação, construindo ao mesmo tempo um futuro melhor para todos os africanos.
Actualmente, os países africanos estão principalmente envolvidos na exploração e extracção de minerais, e os poucos países com instalações de processamento produzem frequentemente produtos de baixo valor. Entretanto, os países exteriores a África debatem-se para desenvolver as suas próprias estratégias para minerais críticos. Num esforço para garantirem os recursos necessários ao crescimento económico sustentável e à defesa nacional, estão a visar as reservas de terras raras do continente.
Para assegurar que os países africanos garantem os maiores proveitos das indústrias extractivas e que os interesses estratégicos do continente não são preteridos, a União Africana criou o Centro Africano para o Desenvolvimento de Minerais (CADM). Além de garantir que a corrida global aos denominados minérios “críticos” se traduz num futuro próspero, a limitação dos danos ambientais está no topo da sua agenda, especialmente porque quase um quarto do PIB de África depende da natureza. O facto de o continente ser ameaçado pelas alterações climáticas também não ajuda.
Na esteira da Cimeira Africana sobre o Clima, que sublinhou a importância dos minerais verdes, os estados-membros da UA têm de ratificar os estatutos do CADM. Eventuais atrasos poderão acarretar grandes custos à gestão da riqueza mineral do continente.
A subsequente Estratégia Africana para os Minerais Verdes (EAMV) do CADM poderá guiar os países africanos quanto à forma como consideram explorar as suas matérias-primas – críticas para a transição energética – de uma forma estratégica e sustentável. No contexto africano, os minerais “verdes” são os usados na cadeia de aprovisionamento da indústria mineira, segundo os dois critérios principais da EAMV. Desenvolvida sobre quatro pilares – promoção do desenvolvimento mineral, investimento em capital humano e capacidade tecnológica, criação de cadeias de valor e promoção da protecção dos recursos – a EAMV proporciona um modelo para apoiar a indústria verde e implementar uma presença mais preponderante nas cadeias de aprovisionamento das tecnologias limpas.
É encorajador que indústrias verdes nascentes – nomeadamente, unidades industriais para montagem de veículos eléctricos – comecem a brotar em vários países africanos. Isto demostra que as capacidades técnicas e industriais do continente podem ser ampliadas com políticas de fomento, programas de desenvolvimento de competências, desenvolvimento de infra-estruturas e um clima favorável ao investimento. Os benefícios do desenvolvimento da indústria local e de transferir a produção para componentes de valor acrescentado são inúmeros: criação de empregos, reforço das capacidades tecnológicas e uma diminuição da dependência de importações que, no seu conjunto, fortalecem a soberania económica de África.
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O objectivo seguinte será a construção de mais unidades de processamento no continente, que permitiria aos países africanos capturarem uma maior quota da cadeia de valor, diversificarem as suas economias e reduzirem a sua dependência das exportações de matérias-primas. Sem esta transição para uma produção com maior valor acrescentado, o continente debater-se-á para alcançar a resiliência económica num mercado global em permanente mutação.
Por último, a EAMV pretende expandir a competência técnica de África e aumentar os recursos para investigação, desenvolvimento e inovação. Este resultado fomentaria o crescimento de tecnologias verdes de última geração e posicionaria África como um centro para o progresso científico, atraindo talentos e investimentos de todo o mundo.
Evidentemente, a consecução destes objectivos requer uma abordagem coordenada, nomeadamente a definição de tarifas externas comuns sobre os suprimentos para a actividade extractiva, os minerais processados e os produtos manufacturados. Isto facilitaria o comércio e a colaboração entre países africanos, ao mesmo tempo que incentivaria práticas responsáveis do ponto de vista ambiental.
A procura global por baterias, veículos eléctricos e equipamentos para energias renováveis está em ascensão, e África pode reivindicar uma fatia maior dos lucros das tecnologias limpas. A contribuição para estas cadeias de valor também deverá melhorar o acesso dos países africanos a energia acessível e fiável e melhorar as opções de mobilidade no continente. Consequentemente, o modelo da EAMV poderá endereçar problemas que são exclusivos de África, como o seu défice energético e os seus desafios ao nível dos transportes, promovendo simultaneamente esforços globais mais amplos para combater as alterações climáticas.