LONDRES – Após a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26), realizada em novembro passado em Glasgow (COP26), o Egito recebeu o testemunho da COP do Reino Unido e agora espera-se que a COP27, já aclamada como “a primeira COP para África”, também seja uma “ COP para a ação”. Acredito que essas duas ideias – apresentar ações climáticas pragmáticas e colocar África no centro do debate climático mundial– estejam inextricavelmente ligadas.
Em 2050, um quarto da população mundial será africana e as necessidades energéticas e de desenvolvimento dessa parcela estão a aumentar mais rapidamente do que em qualquer outro lugar do mundo. É cada vez mais evidente que considerar África e o mundo em desenvolvimento como parceiros genuínos é um pré-requisito para tornar a ação efetiva sobre as alterações climáticas uma realidade.
Pela minha experiência, os líderes dos países em desenvolvimento estão tão empenhados no combate às alterações climáticas como qualquer outro líder do mundo desenvolvido. Mas eles também enfrentam tarefas internas urgentes, tais como industrializar as respetivas economias, transformar os setores agrícolas para alimentar populações em rápido crescimento e criar empregos para os seus jovens.
Querem prosseguir com esses objetivos de uma forma que seja consistente com o mundo que se une para impedir as alterações climáticas. Mas não se pode esperar que o façam à custa do seu próprio desenvolvimento económico. Além disso, até que ponto eles podem descarbonizar ou “contornar” a necessidade de combustíveis fósseis será determinado tanto pelas decisões que tomarem internamente como pelo apoio – financeiro, tecnológico e em termos de abertura dos mercados mundiais – que receberem por parte dos países desenvolvidos.
O que é necessário – e o que acredito que possa vir a ser visto como o legado duradouro da COP27 – é um novo consenso entre os países desenvolvidos e o mundo em desenvolvimento. No centro desse entendimento tem de estar o reconhecimento entre os países mais ricos – cuja industrialização e crescimento económico são os grandes responsáveis por causarem a crise climática – de que as metas de desenvolvimento dos países mais pobres não são negociáveis. As aspirações das suas populações são legítimas e merecem o nosso apoio para as realizarem.
O primeiro pilar desse novo consenso envolve os países mais ricos a trabalhar com os países em desenvolvimento para formularem planos nacionais de transição energética feitos à medida, que sejam tecnicamente possíveis, financeiramente viáveis e politicamente aceitáveis. Essas soluções energéticas personalizadas permitirão que os países de baixo e médio rendimento se dediquem aos seus objetivos de desenvolvimento mais ambiciosos.
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O meu instituto já trabalhou com vários países, incluindo Indonésia, Moçambique e Nigéria, nesses planos, e espero que a sua adoção se torne a norma nos próximos anos. Uma abordagem menos cooperativa, tais como as tentativas de governos ocidentais de imporem métodos de transição, seja de forma explícita ou por restringirem as opções de investimento de um país (por exemplo, financiamento para gás), provavelmente serão ineficazes, ou até mesmo contraproducentes.
Segundo, precisamos que tanto os países desenvolvidos como os em desenvolvimento realizem as reformas necessárias para que o investimento flua para projetos energéticos sólidos e sustentáveis. Os países desenvolvidos devem cumprir as suas promessas financeiras, sendo sinceros em relação aos termos em que são feitas. Infelizmente, nem sempre foi assim no passado, gerando desconfiança entre os líderes de países que se viram incapazes de fazer planos para as suas necessidades energéticas futuras sem um apoio financeiro confiável.
Por outro lado, os países em desenvolvimento precisam de desenvolver sistemas de governação mais sólidos para garantir que qualquer financiamento é bem utilizado, com o objetivo de criar um portfólio de projetos passíveis de investimento. O meu instituto trabalha com 18 governos em toda a África e aprendemos a não subestimar a importância de um governo robusto e eficaz quando o assunto é garantir investimentos substanciais em qualquer setor essencial da economia. Também será necessário desenvolver novas metas para o financiamento climático, que terão de estar alinhadas com as necessidades (focadas muito mais nos países em desenvolvimento do que nos países de rendimento médio, como é o caso atualmente).
Terceiro, tal como acontece hoje em dia com qualquer outro problema político complexo, os líderes de todo o mundo precisam de se apoiar na tecnologia. Em todos os principais setores económicos, a tecnologia tem o potencial de acelerar a redução de emissões e fornecer aos países em desenvolvimento um caminho para o desenvolvimento económico sustentável. O hidrogénio, as tecnologias de otimização digital, os biocombustíveis, a captura de carbono – todos são grandes promessas. Precisam de ser adaptados à escala devida, e depressa.
Também é preciso fazer muito mais para criar os mercados que podem alargar a utilização dessas tecnologias à escala adequada. Por exemplo, África exibe 60% dos melhores recursos solares do mundo, mas possui apenas 1% da capacidade de energia solar fotovoltaica instalada. Métodos abrangentes de transição energética podem ajudar a resolver essa discrepância chocante.
A criação de um novo consenso não ficará concluída num única cimeira COP. Mas medidas vitais, talvez decisivas, podem ser tomadas no Egito este mês, antes que o testemunho seja entregue aos Emirados Árabes Unidos, onde os líderes mundiais se reunirão para a COP28, daqui a um ano.
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Not only did Donald Trump win last week’s US presidential election decisively – winning some three million more votes than his opponent, Vice President Kamala Harris – but the Republican Party he now controls gained majorities in both houses on Congress. Given the far-reaching implications of this result – for both US democracy and global stability – understanding how it came about is essential.
By voting for Republican candidates, working-class voters effectively get to have their cake and eat it, expressing conservative moral preferences while relying on Democrats to fight for their basic economic security. The best strategy for Democrats now will be to permit voters to face the consequences of their choice.
urges the party to adopt a long-term strategy aimed at discrediting the MAGA ideology once and for all.
LONDRES – Após a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26), realizada em novembro passado em Glasgow (COP26), o Egito recebeu o testemunho da COP do Reino Unido e agora espera-se que a COP27, já aclamada como “a primeira COP para África”, também seja uma “ COP para a ação”. Acredito que essas duas ideias – apresentar ações climáticas pragmáticas e colocar África no centro do debate climático mundial– estejam inextricavelmente ligadas.
Em 2050, um quarto da população mundial será africana e as necessidades energéticas e de desenvolvimento dessa parcela estão a aumentar mais rapidamente do que em qualquer outro lugar do mundo. É cada vez mais evidente que considerar África e o mundo em desenvolvimento como parceiros genuínos é um pré-requisito para tornar a ação efetiva sobre as alterações climáticas uma realidade.
Pela minha experiência, os líderes dos países em desenvolvimento estão tão empenhados no combate às alterações climáticas como qualquer outro líder do mundo desenvolvido. Mas eles também enfrentam tarefas internas urgentes, tais como industrializar as respetivas economias, transformar os setores agrícolas para alimentar populações em rápido crescimento e criar empregos para os seus jovens.
Querem prosseguir com esses objetivos de uma forma que seja consistente com o mundo que se une para impedir as alterações climáticas. Mas não se pode esperar que o façam à custa do seu próprio desenvolvimento económico. Além disso, até que ponto eles podem descarbonizar ou “contornar” a necessidade de combustíveis fósseis será determinado tanto pelas decisões que tomarem internamente como pelo apoio – financeiro, tecnológico e em termos de abertura dos mercados mundiais – que receberem por parte dos países desenvolvidos.
O que é necessário – e o que acredito que possa vir a ser visto como o legado duradouro da COP27 – é um novo consenso entre os países desenvolvidos e o mundo em desenvolvimento. No centro desse entendimento tem de estar o reconhecimento entre os países mais ricos – cuja industrialização e crescimento económico são os grandes responsáveis por causarem a crise climática – de que as metas de desenvolvimento dos países mais pobres não são negociáveis. As aspirações das suas populações são legítimas e merecem o nosso apoio para as realizarem.
O primeiro pilar desse novo consenso envolve os países mais ricos a trabalhar com os países em desenvolvimento para formularem planos nacionais de transição energética feitos à medida, que sejam tecnicamente possíveis, financeiramente viáveis e politicamente aceitáveis. Essas soluções energéticas personalizadas permitirão que os países de baixo e médio rendimento se dediquem aos seus objetivos de desenvolvimento mais ambiciosos.
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Segundo, precisamos que tanto os países desenvolvidos como os em desenvolvimento realizem as reformas necessárias para que o investimento flua para projetos energéticos sólidos e sustentáveis. Os países desenvolvidos devem cumprir as suas promessas financeiras, sendo sinceros em relação aos termos em que são feitas. Infelizmente, nem sempre foi assim no passado, gerando desconfiança entre os líderes de países que se viram incapazes de fazer planos para as suas necessidades energéticas futuras sem um apoio financeiro confiável.
Por outro lado, os países em desenvolvimento precisam de desenvolver sistemas de governação mais sólidos para garantir que qualquer financiamento é bem utilizado, com o objetivo de criar um portfólio de projetos passíveis de investimento. O meu instituto trabalha com 18 governos em toda a África e aprendemos a não subestimar a importância de um governo robusto e eficaz quando o assunto é garantir investimentos substanciais em qualquer setor essencial da economia. Também será necessário desenvolver novas metas para o financiamento climático, que terão de estar alinhadas com as necessidades (focadas muito mais nos países em desenvolvimento do que nos países de rendimento médio, como é o caso atualmente).
Terceiro, tal como acontece hoje em dia com qualquer outro problema político complexo, os líderes de todo o mundo precisam de se apoiar na tecnologia. Em todos os principais setores económicos, a tecnologia tem o potencial de acelerar a redução de emissões e fornecer aos países em desenvolvimento um caminho para o desenvolvimento económico sustentável. O hidrogénio, as tecnologias de otimização digital, os biocombustíveis, a captura de carbono – todos são grandes promessas. Precisam de ser adaptados à escala devida, e depressa.
Também é preciso fazer muito mais para criar os mercados que podem alargar a utilização dessas tecnologias à escala adequada. Por exemplo, África exibe 60% dos melhores recursos solares do mundo, mas possui apenas 1% da capacidade de energia solar fotovoltaica instalada. Métodos abrangentes de transição energética podem ajudar a resolver essa discrepância chocante.
A criação de um novo consenso não ficará concluída num única cimeira COP. Mas medidas vitais, talvez decisivas, podem ser tomadas no Egito este mês, antes que o testemunho seja entregue aos Emirados Árabes Unidos, onde os líderes mundiais se reunirão para a COP28, daqui a um ano.