WASHINGTON, DC – Cerca de 40% da população mundial vive em áreas costeiras. Além de abrigarem 12 das 15 maiores cidades do mundo, estas regiões são vitais para a sobrevivência de inúmeras pequenas aldeias, vilas e cidades. Com aproximadamente 80% do comércio internacional a passar por portos marítimos, as regiões costeiras desempenham, também, um papel económico desmedido, representando entre 60 e 70% do PIB mundial.
Com as temperaturas globais a aumentar a uma velocidade alarmante, as comunidades costeiras encontram-se na linha de frente das crises climáticas e de biodiversidade. Só no último ano, os furacões Beryl, Helene e Milton devastaram as Caraíbas e a costa do Golfo dos EUA, enquanto a tempestade Daniel ceifou milhares de vidas na Líbia, destacando a crescente vulnerabilidade de quem vive junto às zonas costeiras, em todo o mundo.
À medida que a crise climática se agrava, aumentam também as ameaças da subida do nível do mar e da acidificação e aquecimento dos oceanos. Estes perigos são agravados pela destruição de habitats, pesca excessiva e poluição, que deterioram a saúde e biodiversidade dos ecossistemas marinhos. A perda resultante de mangais e recifes de coral poderá causar enormes perdas económicas e deslocar inúmeras comunidades costeiras, especialmente nos pequenos estados insulares onde todas as vertentes da vida estão ligados ao mar.
Dada a gravidade da situação, fortalecer a resiliência das comunidades costeiras e proteger as vidas, os meios de subsistência e as economias dos seus habitantes não é apenas uma prioridade regional ou nacional, mas sim um imperativo global. Cumprir esta meta exigirá um esforço coordenado dos setores público e privado, especialmente as instituições financeiras capazes de gerar os investimentos necessários para apoiar soluções sustentáveis e a longo prazo.
De forma encorajadora, as instituições financeiras privadas também começam a reconhecer a necessidade de reforçar a resiliência climática. Em 2023, foi emitido o número impressionante de um bilião de dólares em obrigações verdes, sociais e ligadas à sustentabilidade, refletindo o crescente interesse dos investidores em projetos que estejam em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. No entanto, o investimento na regeneração dos oceanos e na resiliência costeira permanece muito aquém das centenas de milhares de milhões de dólaresnecessários anualmente para proteger as comunidades e cidades vulneráveis.
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Embora seja fundamental colmatar essa lacuna de financiamento, envolver as comunidades locais é igualmente importante. Incluir as perspetivas dos povos indígenas permite aos governantes poderem desenvolver medidas que protejam a natureza, promovam o desenvolvimento sustentável e assegurem que os investimentos em infraestruturas e resiliência comunitária sejam equitativos e eficazes.
As parcerias intersetoriais serão essenciais para criar um fluxo de projetos adequados para o investimento. A Ocean Risk and Resilience Action Alliance (ORRAA), da qual sou diretora-executiva, procura mobilizar financiamento para a resiliência dos oceanos. Ao trabalharmos com parceiros empenhados, pretendemos equipar banqueiros e seguradoras com as ferramentas para dar contas do valor dos ativos naturais nos seus balanços, ao mesmo tempo que aproveitamos a criatividade e o espírito empreendedor de líderes locais, muitos dos quais são mulheres.
É certo que há muito mais a fazer. Para construir comunidades costeiras verdadeiramente resilientes, os riscos climáticos têm de ser levados em consideração em todos os projetos de infraestrutura, propostas de políticas e decisões de investimento que afetem as regiões vulneráveis ao clima. Além disso, ao promoverem soluções baseadas na natureza, como a recuperação de mangais e recifes de coral, os governantes podem reforçar as defesas naturais contra tempestades e erosão, ao mesmo tempo que apoiam a biodiversidade e as economias locais. Iniciativas como o Índice de Risco Costeiro – uma plataforma interativa que potencializa dados para ajudar investidores, seguradoras e governantes a avaliar os riscos costeiros – serão fundamentais para este esforço.
Tendo em conta que o financiamento público, por si só, não consegue gerar o capital necessário para proteger as comunidades costeiras, será essencial uma maior cooperação entre os setores público e privado para colmatar a atual lacuna de financiamento. Isso exigirá o desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores para reduzir o risco e incentivar a participação do setor privado. Com isto em mente, a ORRAA fez uma parceria com o Development Guarantee Group, uma empresa que toma a responsabilidade por projetos de adaptação e mitigação climática, para criar um mecanismo destinado a reduzir os riscos dos investimentos sustentáveis nos setores da “economia azul”.
A Conferência dos Oceanos da ONU no próximo ano, em França, e o Fórum de Economia Azul e Finanças no Mónaco representam uma oportunidade única para unir estes vários esforços. Ao reunirem líderes empresariais e governantes, estes encontros podem desbloquear financiamentos em larga escala para a conservação e resiliência dos oceanos, garantindo que as comunidades costeiras beneficiam de uma estratégia abrangente e sustentável perante os complexos desafios impostos pela crise climática.
Mas, para aproveitarem esta oportunidade, os investidores, os responsáveis políticos e os líderes locais têm de alinhar os respetivos esforços. Através de uma ação climática decisiva e coordenada, podemos direcionar investimentos específicos para a resiliência dos oceanos e assegurar um futuro sustentável para as comunidades costeiras – e para a economia global que depende delas.
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In betting that the economic fallout from his sweeping new tariffs will be worth the gains in border security, US President Donald Trump is gambling with America’s long-term influence and prosperity. In the future, more countries will have even stronger reasons to try to reduce their reliance on the United States.
thinks Donald Trump's trade policies will undermine the very goals they aim to achieve.
While America’s AI industry arguably needed shaking up, the news of a Chinese startup beating Big Tech at its own game raises some difficult questions. Fortunately, if US tech leaders and policymakers can take the right lessons from DeepSeek's success, we could all end up better for it.
considers what an apparent Chinese breakthrough means for the US tech industry, and innovation more broadly.
WASHINGTON, DC – Cerca de 40% da população mundial vive em áreas costeiras. Além de abrigarem 12 das 15 maiores cidades do mundo, estas regiões são vitais para a sobrevivência de inúmeras pequenas aldeias, vilas e cidades. Com aproximadamente 80% do comércio internacional a passar por portos marítimos, as regiões costeiras desempenham, também, um papel económico desmedido, representando entre 60 e 70% do PIB mundial.
Com as temperaturas globais a aumentar a uma velocidade alarmante, as comunidades costeiras encontram-se na linha de frente das crises climáticas e de biodiversidade. Só no último ano, os furacões Beryl, Helene e Milton devastaram as Caraíbas e a costa do Golfo dos EUA, enquanto a tempestade Daniel ceifou milhares de vidas na Líbia, destacando a crescente vulnerabilidade de quem vive junto às zonas costeiras, em todo o mundo.
À medida que a crise climática se agrava, aumentam também as ameaças da subida do nível do mar e da acidificação e aquecimento dos oceanos. Estes perigos são agravados pela destruição de habitats, pesca excessiva e poluição, que deterioram a saúde e biodiversidade dos ecossistemas marinhos. A perda resultante de mangais e recifes de coral poderá causar enormes perdas económicas e deslocar inúmeras comunidades costeiras, especialmente nos pequenos estados insulares onde todas as vertentes da vida estão ligados ao mar.
Dada a gravidade da situação, fortalecer a resiliência das comunidades costeiras e proteger as vidas, os meios de subsistência e as economias dos seus habitantes não é apenas uma prioridade regional ou nacional, mas sim um imperativo global. Cumprir esta meta exigirá um esforço coordenado dos setores público e privado, especialmente as instituições financeiras capazes de gerar os investimentos necessários para apoiar soluções sustentáveis e a longo prazo.
Neste sentido, a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade está a explorar formas de avançar com o Quadro Global da Biodiversidade de 2022, que visa proteger 30% de todas as áreas terrestres e marítimas até 2030. A próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP29) no Azerbaijão focar-se-á nas soluções de financiamento. E a Conferência dos Oceanos da ONU, no próximo ano, juntamente com o Fórum inaugural de Economia Azul e Finanças, poderá ajudar a catalisar as medidas urgentes e coordenadas necessárias para salvaguardar os ecossistemas mais vulneráveis do planeta.
De forma encorajadora, as instituições financeiras privadas também começam a reconhecer a necessidade de reforçar a resiliência climática. Em 2023, foi emitido o número impressionante de um bilião de dólares em obrigações verdes, sociais e ligadas à sustentabilidade, refletindo o crescente interesse dos investidores em projetos que estejam em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. No entanto, o investimento na regeneração dos oceanos e na resiliência costeira permanece muito aquém das centenas de milhares de milhões de dólaresnecessários anualmente para proteger as comunidades e cidades vulneráveis.
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Embora seja fundamental colmatar essa lacuna de financiamento, envolver as comunidades locais é igualmente importante. Incluir as perspetivas dos povos indígenas permite aos governantes poderem desenvolver medidas que protejam a natureza, promovam o desenvolvimento sustentável e assegurem que os investimentos em infraestruturas e resiliência comunitária sejam equitativos e eficazes.
As parcerias intersetoriais serão essenciais para criar um fluxo de projetos adequados para o investimento. A Ocean Risk and Resilience Action Alliance (ORRAA), da qual sou diretora-executiva, procura mobilizar financiamento para a resiliência dos oceanos. Ao trabalharmos com parceiros empenhados, pretendemos equipar banqueiros e seguradoras com as ferramentas para dar contas do valor dos ativos naturais nos seus balanços, ao mesmo tempo que aproveitamos a criatividade e o espírito empreendedor de líderes locais, muitos dos quais são mulheres.
É certo que há muito mais a fazer. Para construir comunidades costeiras verdadeiramente resilientes, os riscos climáticos têm de ser levados em consideração em todos os projetos de infraestrutura, propostas de políticas e decisões de investimento que afetem as regiões vulneráveis ao clima. Além disso, ao promoverem soluções baseadas na natureza, como a recuperação de mangais e recifes de coral, os governantes podem reforçar as defesas naturais contra tempestades e erosão, ao mesmo tempo que apoiam a biodiversidade e as economias locais. Iniciativas como o Índice de Risco Costeiro – uma plataforma interativa que potencializa dados para ajudar investidores, seguradoras e governantes a avaliar os riscos costeiros – serão fundamentais para este esforço.
Tendo em conta que o financiamento público, por si só, não consegue gerar o capital necessário para proteger as comunidades costeiras, será essencial uma maior cooperação entre os setores público e privado para colmatar a atual lacuna de financiamento. Isso exigirá o desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores para reduzir o risco e incentivar a participação do setor privado. Com isto em mente, a ORRAA fez uma parceria com o Development Guarantee Group, uma empresa que toma a responsabilidade por projetos de adaptação e mitigação climática, para criar um mecanismo destinado a reduzir os riscos dos investimentos sustentáveis nos setores da “economia azul”.
A Conferência dos Oceanos da ONU no próximo ano, em França, e o Fórum de Economia Azul e Finanças no Mónaco representam uma oportunidade única para unir estes vários esforços. Ao reunirem líderes empresariais e governantes, estes encontros podem desbloquear financiamentos em larga escala para a conservação e resiliência dos oceanos, garantindo que as comunidades costeiras beneficiam de uma estratégia abrangente e sustentável perante os complexos desafios impostos pela crise climática.
Mas, para aproveitarem esta oportunidade, os investidores, os responsáveis políticos e os líderes locais têm de alinhar os respetivos esforços. Através de uma ação climática decisiva e coordenada, podemos direcionar investimentos específicos para a resiliência dos oceanos e assegurar um futuro sustentável para as comunidades costeiras – e para a economia global que depende delas.