haldar13_Jens Büttnerpicture alliance via Getty Images Jens Büttner/picture alliance via Getty Images

Os moinhos satânicos da Amazon

HANÓI – Com a Inglaterra passando por sua pior crise no custo de vida em décadas – graças à inflação alta e aos preços da energia em disparada –, centenas de empregados de um depósito da Amazon em Coventry exigiram aumento salarial neste mês. Se a demanda não for atendida, eles dizem que farão greve em novembro, pouco antes da Black Friday e da temporada de compras de Natal. Como aconteceu com outras ações trabalhistas recentes dos funcionários do setor ferroviário americano e com os empregados do correio inglês, o movimento dos funcionários da Amazon deu início a um debate sobre quem é o culpado pelo tumulto ameaçado: os elfos da oficina ou o Papai Noel?

A Amazon deve grande parte de seu sucesso a uma série de fatores, incluindo uma sofisticada abordagem com base em dados. Mas a verdadeira genialidade da empresa está em suas inovações logísticas – que incluem otimização de trajetos, planejamento de frotas e gestão de metadados –, que permitem à empresa minimzar o tempo “do clicar ao despachar” e oferece aos clientes entregas com um nível inédito de velocidade e confiabilidade. Aviões e caminhões com a marca Amazon Prime transportam encomendas ao redor do mundo inteiro, funcionando como um relógio mesmo durante uma pandemia que brecou grande parte do resto da economia.

O cérebro por trás da operação é um homem de nome Jeff Wilke, que combinou o taylorismo (dividir a produção em tarefas repetitivas limitadas, monitoradas e quantificadas de perto) e o fordismo para criar um modelo de armazéns capaz de processar mais de um milhão de unidades por dia. Com a ajuda de robôs e vigilância de perto, “apanhadores” e “guardadores” humanos processam hoje uma quantidade várias vezes maior de mercadoria do que já fizeram.

https://prosyn.org/Nk8BuNtpt