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A diabolização dos jornalistas tem de acabar

AMESTERDÃO – Há cinco anos, neste mês, Saïd e Chérif Kouachi irromperam pelas instalações da revista satírica francesa Charlie Hebdo e, num pesadelo que durou poucos minutos, mataram 12 pessoas. Nos dias seguintes, milhões marcharam em França e noutros locais para expressar a sua solidariedade com os jornalistas assassinados.

Para os europeus, a chacina do Charlie Hebdo representou o primeiro ataque em massa a jornalistas perto da sua casa. #JeSuisCharlie (“Eu sou Charlie”) tornou-se um dos mais populares hashtags de sempre no Twitter. A liberdade de imprensa estava em alta.

Desde então, porém, a luta para defender a liberdade jornalística perdeu alento, e a mobilização pública comprovou ser fugaz, nomeadamente no caso do Charlie Hebdo. Em Janeiro de 2019, os funcionários da revista queixaram-se num editorial de que as pessoas já não queriam ouvir falar do tiroteio. “Talvez devessem deixar isso para trás!”, terão alegadamente ouvido.

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