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Não tem nada a ver com a inflação dos anos setenta

CAMBRIDGE – Será que os Estados Unidos e outras economias avançadas estarão a vivenciar a estagflação, ou seja, a combinação infeliz de inflação alta com crescimento baixo na produção e no emprego que caracterizou os meados da década de 1970? Pelo menos no caso dos EUA, a resposta é não. Hoje, os EUA estão perante uma inflação moderada, sem a parte da estagnação. Isso remete-nos para a década de 1960 e não para a década que se seguiu.

É verdade que a inflação dos preços para o consumidores subiu para uns inesperados 6,2% desde o início do ano até outubro, o índice mais elevado desde 1991. Poucos ainda preveem um retorno antecipado da inflação nos 2%, a meta a longo prazo da Reserva Federal (Fed) dos EUA. A inflação também atingiu o seu pico em dez anos no Reino Unido (4,2%) e na União Europeia (4,4%), embora permaneça baixa no Japão.

No entanto, ao contrário da estagflação da década de 1970, a recuperação dos EUA desde a recessão de 2020 induzida pela pandemia tem sido firme, com tendência para a alta, a julgar pelos indicadores do PIB e do mercado de trabalho. A crescente procura por bens está a deparar-se com restrições na oferta, incluindo constrangimentos portuários e escassez de chips, resultando numa inflação de preços. Enquanto isso, a crescente procura de mão de obra está a colidir com uma oferta limitada pelos efeitos persistentes da pandemia. Isto resultou numa inflação de salários.

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