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As Arcadas Douradas partem para a guerra

WASHINGTON, D.C./NEW HAVEN – No rescaldo da Guerra Fria, enquanto a globalização acelerava, Thomas Friedman observou que nunca dois países onde existiam restaurantes McDonald’s tinham iniciado uma guerra entre si. Isto levou-o a formular o que apelidou de Teoria das Arcadas Douradas (NdT: no original, Golden Arches, em alusão ao logótipo da empresa de restauração) para a Prevenção de Conflitos: quando um país atinge um determinado nível de desenvolvimento económico, no qual a classe média tenha dimensão suficiente para justificar um McDonald’s, o seu povo perde interesse em travar guerras. A chave para a paz, seguindo a lógica, poderia muito bem residir na interdependência e no desenvolvimento económicos.

Não demorou muito até que a Rússia refutasse a teoria de Friedman: primeiro com a sua invasão da Geórgia em 2008 e, novamente, com a sua invasão da Ucrânia em 2014. Agora, a Rússia sustenta uma campanha militar sem tréguas para conquistar a Ucrânia e devolver as suas terras e o seu povo à “Mãe Rússia”. Parece evidente que os laços económicos, só por si, não são suficientes para preservar a paz.

Muitos encaram hoje o envolvimento económico como um elemento dissuasor. Afinal, países como a Alemanha e a Itália, com a sua forte dependência da energia russa, estão na verdade reféns do militarismo do Kremlin. O corte dos laços comerciais com a Rússia está na ordem do dia. A Rússia até deixou de ser um “país McDonald’s”: a empresa anunciou em Março que iria encerrar todas as suas 850 concessões no país.

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