lieberman1_MARCO LONGARIAFP via Getty Images_southafricaprotest Marco Longari/AFP via Getty Images

A promessa da democracia sul-africana

BOSTON – Numa altura em que muitas democracias estão sob ameaça, é importante destacar os casos de sucesso. A África do Sul pode não ser o primeiro país que vem à mente como sendo um modelo de democracia, mas deveria ser. Nos 28 anos desde o fim do apartheid em 1994, a África do Sul desenvolveu uma forma de governo multirracial e pluralista que inclui um parlamento multipartidário, um sistema judicial independente, uma imprensa livre, uma sociedade civil sólida e uma vasta rede de segurança social.

Pode-se facilmente supor o contrário. A cobertura da imprensa internacional da África do Sul é muitas vezes dominada por histórias de crimes violentos e corrupção governamental, dando a uma grande parte do mundo uma visão distorcida do país. E alguns observadores locais chegaram ao ponto de rotular a África do Sul como um “estado fracassado”. Mas embora África do Sul tenha certamente os seus problemas, o país não se assemelha em nada aos verdadeiros estados fracassados. Além disso, seria bom lembrar onde é que o país começou há quase 30 anos.

Entre a fundação da África do Sul moderna, em 1909, e a eleição de Nelson Mandela como presidente, em 1994, uma minoria racial manteve a supremacia política através da força jurídica e da violência. A economia cresceu para os brancos, mas a maioria negra permaneceu esmagadoramente pobre, privada de igualdade na educação nas oportunidades de trabalho. O governo restringiu a atividade e a vida dos negros de forma ainda mais minuciosa do que o sul dos Estados Unidos fez durante a segregação imposta pelas leis Jim Crow.

https://prosyn.org/67N8BxEpt