zizek13_OLGA MALTSEVAAFP via Getty Image_russian soldier OLGA MALTSEVA/AFP via Getty Images

Morte ou Glória na Rússia

LIUBLIANA – Voam rumores na Rússia relativos a manobras veladas sobre quem substituirá o Presidente Vladimir Putin, uma vez que a sua guerra de agressão na Ucrânia falhou de forma tão desastrosa. Uma luta desta natureza não pode deixar de expor as patologias mórbidas da política russa. Os principais intervenientes não são partidos políticos organizados, mas antes bandos de oligarcas que presidem aos vários nodos informais do poder.

Isto explica porque é que a força militar da Rússia mais eficaz na linha da frente com a Ucrânia, o mercenário Grupo Wagner, nem sequer faz parte do exército russo. A Rússia é hoje uma terra de senhores da guerra, algo que normalmente se associa a estados-pária e estados falhados. Os seus líderes actuais e aspirantes estão a traficar sonhos febris de glória no campo de batalha. Está implícita nesta cultura marcial uma perspectiva Hobbesiana da vida como solitária, pobre, desagradável, brutal e curta – e com um valor cada vez menor.

A ascensão dos exércitos privados na Rússia e nas suas cercanias originou alguns desenvolvimentos genuinamente divertidos. Por exemplo, no ano passado, antigos membros das forças armadas dos EUA e de outros países ocidentais organizaram uma unidade militar de voluntários para combater pelo lado ucraniano. Com uma ironia perfeita, denominam-se Grupo Mozart – uma resposta directa aos mercenários do Wagner (já que ambos têm nomes de compositores alemães). Só podemos esperar que bombardeiem as posições do exército russo com armas mais potentes que Mozartkugeln de chocolate (NdT: bombom de origem austríaca).

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