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O mal-estar na sociedade do algoritmo

BERKELEY - A meu ver, o trabalho de economia política mais profundo e perspicaz escrito na década de 2010 não foi um artigo acadêmico nem uma monografia ou livro no sentido convencional. Em vez disso, foi um simpósio online. Em Red Plenty: A Crooked Timber Book Event, acadêmicos e intelectuais, reunidos pelo cientista político Henry Farrell, usaram um novo modelo de comunicação impressa para responder ao livro bastante interessante de Francis Spufford, Red Plenty(“Fartura Vermelha”, em tradução livre do inglês).

Spufford tinha analisado a incrivelmente malfada tentativa da União Soviética de usar burocracia e matemática para construir uma sociedade melhor do que a que se poderia obter usando os mercados. No entanto, toda vez que volto a Red Plenty: A Crooked Timber Book Event, me vejo impressionado pelos insights de seus colaboradores sobre os dilemas insuperáveis gerados pela própria economia de mercado contemporânea. Também fico impressionado com o sucesso do “evento do livro” em usar novas tecnologias para impulsionar uma mudança qualitativa na maneira como nos comunicamos e passamos a entender o mundo juntos.

Tenho pensado sobre esses temas porque Farrell publicou recentemente um artigo novo, “A economia moral do modernismo da tecnologia de ponta”. Ele e a socióloga Marion Fourcade argumentam que a internet e sua prole (“o que eles chamam de “modernismo da tecnologia de ponta”) estão mudando o mundo de modos tão profundos quanto a ascensão da economia de mercado e a burocratização da sociedade sob o Estado moderno.

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