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Anular a clivagem dos cuidados de saúde em África

JOANESBURGO/LONDRES – Durante os últimos 30 anos, todos assumiram que as economias desenvolvidas e em desenvolvimento estavam a convergir, sendo a recuperação desses países ajudada pelas taxas de crescimento mais elevadas em África e noutras regiões. Mas, actualmente, as economias africanas estão a crescer a metade da taxa média global. A divergência está a tornar-se na nova ordem do dia; e com as pressões fiscais crescentes, o aumento da dívida, a subida da inflação e das taxas de juro e as perturbações nas cadeias de aprovisionamento a criarem novas barreiras ao crescimento, é quase certo que piore durante o ano de 2022.

Este resultado não será inevitável, mas a única forma de contrariá-lo consiste em expandir os benefícios da vacinação e de outras protecções médicas do Norte Global para o Sul Global. No momento em que escrevemos, só 8,5% dos adultos africanos receberam uma dose da vacina contra a COVID-19. Dos 6900 milhões de doses administradas em todo o mundo até meados de Outubro de 2021, apenas 176 milhões (só 2,5%) foram administradas em África. Foi vacinado menos de 1% da população de uma dúzia de países africanos, e a taxa global para o continente é de apenas 5%, comparativamente a 62% nos países de rendimentos elevados.

Pior ainda, o Acelerador do Acesso a Ferramentas contra a COVID-19 (ACT-A) prevê que existam mais 200 milhões de casos de COVID-19 no próximo ano, três quartos dos quais em países de rendimentos baixos ou médios. Sem vacinação, estas infecções podem provocar mais cinco milhões de mortes no próximo ano (excedendo os 4,9 milhões de mortes devidas ao vírus até agora registadas). África poderia transformar-se no epicentro duradouro da pandemia.

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